Luiz Cláudio de Castro

Luiz Cláudio de Castro foi um cantor, compositor, violonista, arquiteto e artista plástico que fez sucesso na época de ouro do rádio brasileiro durante a década de 1950. 

Intérprete de melodias norte-americanas e de canções como “Sinos de Belém” e “Blim, Blem, Blam”, tornou-se conhecido como revelação masculina e premiado com um disco de Ouro.

Como compositor teve músicas gravadas por Tito Madi, Marisa Gata Mansa, Dick Farney, Elizeth Cardoso, Nara Leão, entre outros.

Natural de Curvelo, Luiz Cláudio de Castro nasceu em 1935. Aos 7 anos começou a tocar cavaquinho (primeiro instrumento que seu pai lhe deu) e depois violão. Em 1947 formou o trio “Trovadores do Luar”, que se apresentava em festas, serenatas e na antiga Rádio Clube.

“Cantava na minha cidade natal por pura vontade de cantar e sem sonhar tornar-me cantor profissional”.

Revista do Rádio, Edição 224, 1953.

Juscelino Kubitschek, que na época era candidato ao governo de Minas Gerais, em visita à Curvelo estava acompanhado de Ramos de Carvalho; diretor geral da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte e narrador da BBC de Londres. Este ouviu Luiz Cláudio cantar em uma festa oferecida à Juscelino e posteriormente lhe fez um convite para atuar como cantor em sua rádio.

Luiz aceitou o convite de Ramos de Carvalho e em 1951 mudou-se para Belo Horizonte para ingressar na Rádio Inconfidência, iniciando sua carreira profissional.

Estudante de inglês e cursando o científico, iniciou o estudo de Belas Artes. Estreou na gravadora “Sínter” também em 1951 graças a ajuda do chefe de divulgação Ramalho Neto, com sua primeira gravação “Fim de Semana” (samba-canção de Rômulo Pais e Nilo Ramos) e “Primavera em Setembro” (versão de André Rosito da música “September Song” de Kurt Weil).

Em 1953 foi gravado o segundo disco com “A rua onde ela mora” (de sua autoria em parceria com o irmão Antônio Maurício) e “Nosso Romance” (de Paulo Marques e Aylce Chaves).

Devido suas qualidades e pelo destaque como intérprete de melodias norte-americanas, a permanência de Luiz Cláudio na Rádio Inconfidência foi curta e durou 4 anos, pois aceitou uma proposta de Osmar Campos Filho, diretor geral da Organizações Victor Costa (a “Socipral”), que após ouvi-lo, trouxe-o para trabalhar no Rio de Janeiro.

Logotipo da Organizações Victor Costa, Canal 5, São Paulo.

A Organizações Victor Costa congregava a Rádio Mayrink Veiga, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro e a Rádio Nacional de São Paulo.

Assim, em 1955 Luiz mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer parte do elenco da Rádio Mayrink Veiga, onde teve um programa exclusivo: “Audição do Rei da Voz”, que era transmitido nas quintas-feiras às 22 horas.

Também no mesmo ano pela gravadora Columbia gravou a canção “Blim Blem Blam” (com Nazareno de Brito) junto com “Sinos de Belém” (de Evaldo Rui), ambas grandes sucessos recebendo o troféu “Disco de Ouro”, premiação concedida pelo jornal “O Globo”, como cantor revelação masculina.

Também foi em 1955 que Luiz Cláudio deu início na prestação do serviço militar no curso do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), formando-se em 1957. Durante esse período passou a dividir sua rotina de carreira artística com as obrigações militares. Várias de suas gravações foram sucessos, entre elas “Joga a Rede no Mar” (com Nazareno de Brito), “Foi num Trem” e “Não Morro sem ver Paris”.

Quatro anos depois, em 1959 se transferiu para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde permaneceu até1963. Em 1960 fez parte do cast da RCA Victor (atual RCA Records), sempre gravando discos e também atuando em TV: pela RCA Victor, grava “Só Deus” (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), “Menina Feia” (Oscar Castro Neves e Luverci Fiorini), baladas e marchas.

Em 1961 grava “Rancho das flores”, letra de Vinicius de Moraes, “Amor desfeito” (Getúlio Macedo) e “Deixa a nega gingar” (de sua autoria).

Após o casamento permaneceu um período de 3 anos sem obrigações profissionais, dedicando-se à conclusão do curso superior de Arquitetura, um antigo desejo concretizado em 1965 diplomado pela Faculdade Nacional de Arquitetura.

Foi também neste hiato na música profissional que Luiz Cláudio intensificou sua dedicação à arte da pintura (tendo até vendido alguns quadros). Fez o curso de pintura no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, sob orientação do artista Aluísio Carvão. Frequentou os ateliers dos artistas Inimá de Paula e João José da Silva Costa, e também começou a participar de exposições coletivas.

Contracapa da Revista “Radiolândia”. 1956, Edição 121.

Em 1975, também pela Odeon, grava o LP “Reportagem”, com “Rugas” (Nelson Cavaquinho, Ari Monteiro e Augusto Garcez) e “Onde eu nasci passa um rio” (Caetano Veloso). 

Sua trajetória profissional no Brasil o levou a trabalhos internacionais. Em 1973, Luiz Cláudio viajou para a Europa para se apresentar com a orquestra da Organization Radio-Télévision Française. Em 1980, a convite da Brazilian American Cultural Institute, visitou quinze universidades norte-americanas em um programa de promoção da música popular brasileira.

Em 1983, Luiz Cláudio reunindo suas duas vocações maiores: a música e a pintura, lança pela Leo Christiano Editorial um álbum duplo com músicas do folclore de Minas Gerais, “Minas sempre viva”, acompanhado de um livro de arte com apresentação de Carlos Drumond de Andrade.

“Através do canto, desenhos e pintura, expõe um forte sentimento de mineiridade, mas, acima de regionalismos, suas principais intenções são: preservar a memória artística do nosso povo e contribuir para a formação desse belo mosaico que é a música brasileira.”

Em 2005, foi lançado pelo selo Revivendo o CD “Luiz Cláudio – Este seu olhar” com 18 músicas gravadas por ele.

Para além da sua bela voz de cantor e dos sentimentos que dedicava às suas interpretações, Luíz Cláudio foi também poeta, artista e arquiteto cujos talentos refletem a extrema sensibilidade da sua alma. Em 30 de agosto de 2013, aos 78 anos, Luiz Cláudio faleceu em Guaratinguetá – SP.

Todas as imagens e fotos contidas nesta página foram cedidas pela família de Luiz Cláudio. A Prefeitura de Curvelo agradece Luiz Eduardo  por nos permitir reproduzir este material.